Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

100Destino

Onde um destino sem destino procura um destino entre cem.

100Destino

Onde um destino sem destino procura um destino entre cem.

não sei como esvoaçar

Março 20, 2023

Julgava-te perdido, meu mundo, queimado na clepsidra do desespero. Tolhido, fetal, a pouco e pouco vou sendo dissipado no esquadro visceral da melancolia. Enlouquece-me está surdina cardíaca, plasmódica. O meu mundo parou num suplicio eterno. Como poderia então conseguir suprimir este advento do passado? Agora de frente, corro para um futuro que não sabia que existia. Segui-o em metástases de alegria. 

Segui a esbelta pelo consignio alegre desconhecendo as possibilidades que se escondem na penumbra. Aflito, descobri que perto de ti não sei como esvoaçar. Como caminhar num solstício ou pelos tempos inglórios de viver. Como ave despida de vontade de voar quero navegar ao teu redor como uma estrela perdida de órbita. 

Nesse Mapa Ardido do Teu Corpo.

Março 13, 2023

Desejo em fogo.

Em ti toda, perfeita

Beijo tudo

Sôfrego.

 

Sussurro gotas de prazer.

Fragrâncias de carne e calor

Sem nexo, tudo existe onde eu não sou.

Sou apenas alguém que ama desmedidamente

E sorve golfadas de ti como quem se afoga.

 

Tudo são gestos, olhares

Íntimos.

Palavras desditas em uníssono

Tacteio ao de leve a tua pele insone

Todo eu, dedos, mãos, boca.

Procuro insaciável essa paixão informe

Tresloucado, alheio ao infinito.

Perco-me em todo o teu doce

E também nessa maré imensa.

Nesse mapa ardido

Do teu corpo. 

Quem és tu, musa litoral, meu medo do vazio?

Março 06, 2023

A cidade morreu. Por entre as palavras estarrecidas do Equinócio passei vagabundo numa semi-recta. Oiço murmúrios de sombra, raízes ébrias de uma solidão que alastra no magma inferior do meio. Quem és tu, musa litoral, meu medo do vazio? Vento que me domina e prescreve como gota lapidar que se desprende de um receio. Todo o sereno irá um dia brilhar num fugaz desaparecer.

A pétala estelar da paixão.

Fevereiro 27, 2023

Chama-me na noite que não estou contigo. Velejaremos pelos intercâmbios da alma para sobrevoar esta nossa noite dúbia. Serpentearei confidências oblíquas que te exorcizem os demónios da solidão. Prostrada, a tua nudez salvará um Incubo. A celebração criará raízes num sossego e eu como cavaleiro insular beberei do retracto um levante contigo apenas a pétala estelar da paixão.

Separada no sustenido de um respirar.

Fevereiro 20, 2023

Peço-te uma mão. Por entre os dedos do tempo que não me aqueceu. Estou prestes a naufragar neste marasmo, nesta insónia que infecta numa septicemia de desespero. Diz o meu nome, entre segmentos de pele consigo a coragem de antes. Leite, saliva à tona. Aperto na bacia o sabor de um instante de carinho. Não sei em que encontro te perdeste, onde foste, se ficaste num campo incerto. Uma mão só uma mão em nenhuma, separada no sustenido de um respirar.

Chamusca em frente à janela.

Fevereiro 13, 2023

Chamusca em frente à janela. O postigo venta um espectro que dura inominável. Este vácuo cerca o poder, pela casa vazia, despido de sensações, de medos, estertores. Procuro a agonia de um inverso. Cada segundo que cai ribomba ensurdecedor nos meus olhos cansados deste perfume. A aflição cai, derrubada por uma nova madrugada.

A esgrima batente do meu coração.

Fevereiro 06, 2023

Oiço-te andar pela noite dentro, caminhas perdida pelo labirinto vazio do meu coração. Eu suspiro um sussurro na síncope de um abraço só teu e com um beijo perco toda a noção de mim. Afasto-me. A escuridão emerge num breu, frio, onde a única escolha é amar infinitamente o teu gesto de ser. Naquele dia esperei por ti. Repetes-te em mim como um eco íntimo, um eco de um eco de um eco. As tuas palavras nascem e ramificam-se em outras ou então ficam esquecidas na engrenagem, na esgrima batente do meu coração. Mas, não te iludas em desculpas sem aviso ou perdidas em reflexões que fazem o dia nascer.

A saudade é um meio informe de sofrer.

Janeiro 30, 2023

A saudade é um meio informe de sofrer. É como um jogo de sombras em que se perde a noção da realidade. A saudade tem um triste modo de ser. Como se pode ter saudade de algo que não se viveu, de algo que não se conheceu, uma conversa que se não teve e, no entanto, sentir um vazio dentro da alma como se lhe faltasse alguma coisa insubstituível. Que mundo é esse que existe no teu olhar? Ventos do olhar, beijos peregrinos atrevidos no cais, abraços nocturnos, voláteis à meia voz que se parecem com ecos de uma lembrança. Como esquife navegador em pleno mar me perco nessa maré imensa do teu mistério.

Fiquei desperto toda a noite.

Dezembro 12, 2022

Fiquei desperto toda a noite. Sangro pelos poros o desespero desta agonia. Tacteio ao de leve o lençol ao meu lado e tu não estás lá. O frio diz-me que nunca estiveste. E eu me pergunto: Por que espero eu nesta surdina por um corpo que nunca foi meu. A escuridão ofusca o vazio no meu peito. Enrosco-me nos lençóis e escondo a cabeça no travesseiro, mas a tua voz continua a me assombrar. Vivo obcecado pelo teu sorriso que não consigo esquecer, o teu beijo, quente e doce persegue-me toda a noite. A madrugada chega invulnerável, férrea e abrupta para substituir esta sensação de perda por um desespero total.

Disseste-me que sim, e eu acreditei.

Dezembro 05, 2022

Disseste-me que sim, e eu acreditei. O fato, a cerimónia, todos os amigos, sorrisos. E tu disseste-me que sim. Que seria para sempre e eu acreditei. Foi o carro, a casa, as viagens e eu acreditei em ti. Foi um tempo que ecoava na fantasia da minha imaginação. No final eu pergunto-me onde eu errei? No desespero, a beira do precipício só me resta uma pergunta: mentiste só a mim ou a nós os dois?

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2023
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2022
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2021
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2020
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2019
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2018
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2017
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2016
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2015
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2014
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2013
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2012
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2011
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2010
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2009
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2008
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2007
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D