Não posso
Fevereiro 27, 2008
Suspeito um sentimento crescente dentro de mim. Insurrecto, florescido num fragmento deserto de vida. Não sei como ou de onde surgiu. Mas agora não sei o que fazer.
Esforço-me muito. Muito mesmo para não deixar ninguém chegar perto de mim. Não posso de forma alguma incorrer no crime de me apaixonar. Não posso, pura e simplesmente não posso.
Mas os teus olhos de cristal lazuli conquistaram o meu cárcere de granito. Agora não sei o que fazer com o teu sorriso de porcelana chinesa que por muito que eu não queira me aquece o coração e me leva para longe, para terras distantes de calor e fruta, de paixão fervida em lençóis de veludo e acompanhado pelo teu beijo que eu me esforço muito para não querer.
Tenho de resistir. Como foi isto acontecer? Como foi possível? Logo a mim. Eremita no meu modo de vida, escondido fundo, profundo dentro de mim.
Chegaste e abalroaste a minha vida com o teu carinho inocente, com o teu jeito de pomba com um grão na asa, desprotegida, plena. E agora o que faço a minha vida?
Passo os dias a contar os minutos em que não penso em ti e chego ao fim do dia com as mãos vazias.