Subnatural
Março 04, 2008
Perdido em ruas, transversais octogonais, perpendiculares ou obtusas parecem desenhadas com o propósito de nunca encontrar-mos o nosso destino. Voo nos meus passos, corando as vielas e descubro ao longe os rostos escuros nas persianas desafiando os peitoris. Penso que fujo mas não fujo, sonho em correr como em criança, mas espero pelo derradeiro momento com que por fim nada acontece.
Tenho este habito de andar. Gosto de andar por me dar a sensação que, se andar muito, muito mesmo, um dia chegarei a algum lado. Ando por todos os lados. Pelos sítios que já visitei e também pelos sítios que finjo ver pela primeira vez. Sinto em tudo uma estranheza abominável como se houvesse um desfasamento entre a minha percepção e a realidade. Como se aos nossos olhos tudo fosse turvo e apenas alguns pormenores pontuais nos aguilhoassem a mente de uma forma incontornável. O que me torna um ser vazio, perdido em transe, viajando de sentido em sentido até que um instante me sequestre e traga de volta a esta realidade monolocor apenas para mais uma vez me evadir e voltar a este universo sobrenatural, subnatural que me absorve e culmina de tempos a tempos.