O momento táctil da tua voz.
Março 11, 2008
Procuro solitário no escuro o momento táctil da tua voz e arrepia-me a pele o desejo de ouvir-te em mim. Sinto-te longe no corpo mas perto na alma e encontro-me criança em fazer-te feliz. Fazem-me falta as noites doces na tua companhia porque sereno vislumbro-as difusas no horizonte da memória como navegando no desconhecido órfão de leme ou destino. Cometo crimes de uma solidão monocolor perdido em sentimentos difusos e no escuro procuro fundo no meu peito a candeia luzidia do teu olhar que sempre me soube salvar deste mundo infame e que de outra forma iria descobrir sem vida. Vivo sempre contigo eliminando distancias e fugindo à ultima lágrima que me domina e aflige. Hei de dedicá-la ao momento definível em que nos tornaremos a ver e ao derradeiro instante em que tudo ficará gravado no cristalino da vida com um último suspiro de gratidão e saudade. Naufrago nas ondas de um silêncio atroz e grito surdo um segredo oco, preso na garganta, deserto de propósito ou intenção. Grito longe e profundo como se todo o universo parasse para me ouvir mas falhando em te tocar. Fico em falta pois não sei se te toco. Não sei se sentes o que eu sinto. Não sei se morro já, feliz, recordando o teu beijo ou se continuo na perseverante e amargurada viagem de sentir plena e continuamente a inquietude que a falta da tua voz me faz.