Sustenido em dó
Março 23, 2008
As vezes olho o mar sustenido em dó e perdido na penumbra de cada onda que me encobre, domina e transporta para mundos imaginários com um abraço quente e efémero. São os mistérios do mar presentes na fantasia que deixam em mim os segredos entrecortados pelo suspiro de uma ânsia de naufrágio.
O suave desejo de uma vez perdido neste mundo poder limitar-me a navegar a sua existência de revolta e calmaria, inexorável e inexplorável, sedutora na sua fase mais longa como um amplexo de longos braços apertados e aguilhoados severamente por uma raiva ciumenta por ter omitido involuntariamente a minha presença .
Segredos de orelha em orelha ressoam na vertente fragosa da praia consolando-me o destino sem destino que me procura e aprisiona sem rendição possível ou providencial. Será o fim de uma sensação o momento que a experimentamos? Ou conseguindo revive-la em imagens sucessivas dando-lhe uma vida constante de renascimento e clímax, como se um beijo tornasse-se mil envolto nas nuvens da memória.
Que bom seria reviver o teu beijo como a um néctar rejuvenescedor, esperançoso de uma felicidade julgada eterna. Conseguida apesar de numa fracção de segundo a onda que rebenta na praia , a beija em tangente, num clímax fragoso se culmina um no outro, finalizando-se o destino, cavalgado na sua crista por léguas e léguas na esperança desolada e improvável de ser feliz.