A civilização do desconcerto.
Agosto 04, 2008
Senti fundo no teu peito uma angustia, um desacerto do temperamento, algo quebrado. E ai sim, tornamo-nos iguais, definitivamente iguais, sofrendo em conjunto. Sarando com um beijo as feridas do outro, cicatrizando as faltas e preenchendo-as com a presença silenciosa e inequívoca. Sempre gostei de estar sozinho por conseguir respeitar o meu próprio silencio. O que me criava a dificuldade de relacionar com os outros, cheios de vontade de afirmar a sua ignorância. O ruído por vezes seria insuportável enquanto incorrem nos seus monólogos circulares redundantes e auto relacionados não perdendo nem um segundo para se interrogar se o próximo estaria mesmo interessado em ouvir as ideias alheias e muitas vezes irreflectidas e irracionais. Torna-se difícil manter um raciocino ao pé dessas pessoas que se acham o sumo pontífice do mundo e que tem-se em tão alta estima que acham que não existe mais nenhum assunto ou interesse possível excepto aquilo sobre o qual discursam. Mesmo que tentes te abstrair do balbuceio constante fazem questão de te trazer de volta dessa ilha de retórica para te trazer de volta a civilização do desconcerto.