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100Destino

Onde um destino sem destino procura um destino entre cem.

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Onde um destino sem destino procura um destino entre cem.

Os Momentos

Dezembro 18, 2008

 

Momentos há-os de todas as qualidades. De todos os tamanhos e percepções. Há os que mudam tudo e os que não mudam nada. Há os que fazem diferença e os que cuja diferença nós preferíamos que não existisse. Há os momentos que não chegaram a existir, os momentos que gostamos de recordar e os momentos que daríamos tudo para voltar a viver.

Aquele momento em que te vi foi um desses momentos. Um momento em que ofuscado pelo teu brilho o meu tempo parou. Ali, cessei a existência da multidão e o meu mundo passou a girar em teu redor. Sabia que naquele momento o teu sorriso voava longe nas asas de uma melodia e esse teu fascínio transbordava de ti para mim sem que te apercebesses. A partir dai passei a ser apenas metade pois o que me falta nunca sequer cheguei a saber o nome.

No meio da multidão perdi a reacção. Fiquei no mesmo sitio hipnotizado pela sensualidade de um anjo que se mostrou apenas a mim. Com o seu suave momento ondulante me levou a voar pelas longitudes sobrenaturais que nunca acreditei que existissem. Mas nunca soube o meu nome, nunca chegou a saber de mim.

Nesse momento fiquei a saber que existe uma parte de mim que vive para te conhecer. Uma parte de mim que só pensa no momento que voltes a surgir do espaço e venhas completar esta sensação de vazio que agora acarinha o meu coração.

Espero que um dia, me dês a mão e olhos nos olhos me digas o nome do meu anjo perdido.

Longínqua

Dezembro 17, 2008

 

Acordei e senti o frio da tua pele. Sei que dormiste destapada, fervida pela febre da tristeza. Não sei mais o que posso fazer por ti. Sinto a tua respiração quando choras para dentro e quero abraçar-te para te aquecer. Mais uma vez não deixas que eu chegue perto de ti.

Sabes que te quero ajudar, quero fazer com que tudo fique bem. Mas não sei se ainda vou a tempo. Não sei se fui eu. Não conheço a causa mas sinto a morte crescendo dentro de ti e morro também por não conseguir ajudar. Quero salvar o que resta em ti mas não me deixas ver se ainda existe alguma coisa que eu possa salvar.

Sinto que te moves na penumbra cada vez mais longe do meu alcance. Algures no tempo perdemos aquele sentido que permite a comunicação entre duas pessoas. É como se estivéssemos por algum truque do destino caído para fora de fase tornando-se impossível qualquer tipo de interacção. Sinto que vejo, julgo que te sinto mas apenas etérea, uma réstia de personalidade, uma ideia que tive de ti e que se desvanece em fumaça pouco a pouco. Não aguento mais esta espiral que nos leva à desistência de viver.

Continuo no entanto aqui. Recuso-me a desistir agarrado a fina corda da esperança. Não vou desistir da possibilidade apesar de remota de o presente se reverter e volte a se converter numa outra possível realidade. Uma realidade diferente e longínqua a esta, onde possamos retomar o rumo na direcção de uma nova troca de olhares, de um entrelaçar dos dedos nas mãos dadas e que possamos então realizar o destino de para sempre sermos felizes.

A Voz da Justiça

Dezembro 16, 2008

 

Hoje chove. Sinto a cortina de pingos lá fora a melodiar-me os ouvidos. Tanta falta me faz esta água. Esta humidade proveniente dos céus destilada dos vícios e da maldade. Nesta água me banho e bebo à sua santidade. Esta água que nunca devia de parar de cair para poder terminar a interminável tarefa de lavar os males do mundo. Mas não o faz, não o consegue fazer, é impossível lapidar o ódio e o rancor, o egoísmo ou o narcisismo da raça humana. Mas é sempre possível massajar-me o espírito com o seu frio terapêutico, limpar os meus poros das sevicias do quotidiano e exorcizar as toxinas que também crescem dentro de mim por convivência.

Não percebo este tipo de osmose moral que parecemos julgar os nossos actos pelas atitudes dos demais e passamos a definir assim o que está certo e o que está errado. Não por estar de facto certo ou por estar de facto errado mas por ser a forma como a maioria pensa ou age. Julgo ser uma doença ética fechar os olhos para não sentir quando o que sentimos nos diz claramente que o que testemunhamos está errado. Pactuar com todos estes modos de subserviência ética e por retórica interior convencermo-nos que algo está bem por que toda a gente o faz ou por que durante uma eternidade terá sempre sido feito assim está a meu ver absolutamente errado.

Temos de ganhar coragem para lavarmos esta lama que protege a falta de ética e dar-mos um passo em frente na criação de um mundo mais justo e correcto à face dos injustiçados e principalmente daquele que por uma razão ou por outra não tenham voz audível e tornarmos todos juntos a voz mais forte, a voz do futuro, a voz da justiça.

A Claridade

Dezembro 15, 2008

 

Julgo que me perdi no caminho. Algures no passado, entre múltiplas encruzilhadas que se nos interpõem julgo ter escolhido a direcção errada. Sinto que não era este o meu destino. Sinto que não era aqui que eu queria chegar. Existe algo de estranho nesta realidade que se materializa constantemente à minha frente sem que eu consiga encontrar algo que me seja conhecido. Alguma coisa onde eu possa encontrar um abrigo. Um recanto onde eu sinta que seja possível encontrar alguma paz.

Em vez disso olho ao meu redor. Entre nuvens de fumo e alegrias que apenas se revelam como miragens. Não consigo descortinar a direcção certa para voltar ao caminho original e possa mais uma vez distanciar-me nesta negritude melancólica, sofrida, que me oprime os passos a cada momento. É como se um peso estivesse constantemente sendo incrementado nas minhas costas até que a respiração se torne aflitiva e sem forças finalmente caia de joelhos com vontade de desistir. Ainda não.

Encontro força na esperança. Encontro força na possibilidade remota mas concreta de conseguir superar a enfermidade deste mundo e sob a haste da coragem e da perseverança chegar ao fim deste penoso caminho e finalmente encontrar a luz. A claridade que julgo existir algures no trajecto da vida e que possa esclarecer o motivo pelo qual todos nós o caminhamos sem saber.

A Síntese do Ódio

Dezembro 12, 2008

 

Sabias que não seria assim. Sei que no fundo mais fundo do teu retorcido ser não podias de forma alguma ter acreditado que o teu calculismo frio te pudesse proporcionar algum tipo de alegria. Como vês, neste momento ainda aqui estou. De pé e de saude apesar da queda abrupta que o teu ódio me preparou. Cai, mas cai de pé e com o estrondo caiste tambem.

Não tinhas contigo a corda que a força de carácter nos porporciona para nos salvarmos destes acidentes de percurso, destes desvios não intencionais que a vida nos reserva. A maré que levantaste contra mim acabou por estilhaçar a tua precária jangada de superioridade desfazendo-a em mil pedaços deixando-te sem um único ponto de apoio para que possas eventualmente ressurgir.

Eu, de ti, não retenho nada. Apenas indiferença, se é que indiferença é de facto alguma coisa. Apenas isso. E sei que não te chegou. Querias mais e mais e por algum raciocinio venenoso pariste esta tua nova existência tóxica em que me desejaste todo o mal possivel no mundo para que te pudesses deleitar com a imagem de me veres de joelhos a implorar perdão em multiplas agonias.

Agora pedes-me que te perdoe e estendes a mão à minha indulgência apelando a um subjectivo sentido de compaixão que pensas que eu tenho para com o ser humano. Mas isso é mesmo o que eu tenho e tu já não te qualificas enquanto um. Apenas sigo o meu caminho sarando as feridas que a tua atitude me causou sem prestar a minima atenção enquanto te afogas nos fluidos radioactivos do ódio que cultivaste na tua própria vida.

O Mundo Nos Teus olhos

Dezembro 11, 2008

 

Sei que já ouviste falar dos teus olhos. Sei que já gastaram as metáforas e as cores para definir esse aspecto místico do teu ser. Julgo até que muitos corações já naufragaram nesse teu brilho azul. Já muitas almas se perderam nessa imensidão oceânica que origina em ti e pulsa através da nossa pele e que nos magnetiza na tua direcção. Julgo também que não conheces ainda o poder emanado dessas doces amêndoas que o divino te privilegiou. Mas também julgo que poucos souberam ver o que está por trás dessa obvia imagem. Ofuscados pelo fascínio que dela surge. E que apesar de inconsciente do facto continuas a provocar no espírito do homem.

Julgo no entanto que consigo olhar dentro dessa maré refulgente e tocar no âmago mais profundo do que te define como mulher. Da leve tristeza que emana subentendida desse mesmo olhar. Tristeza por estares consciente da tua própria incompletude. Pela chegada à conclusão que os homens apenas conseguem ver a mulher charmosa. Mas por detrás dessa mulher existe outra, uma mulher definitiva, absoluta, uma mulher sensível e sensitiva, uma mulher que ainda hoje no meio de tanto desejo ainda não encontrou o amor que realmente precisa, aquele ombro de compreensão. Sem necessidade de justificações ou retornos.  Apenas porque nesse momento duas almas se encontraram e se substanciaram uma na outra de um modo muito mais profundo do que o plano físico pode ou consegue permitir e que longe do corpo, das entrelinhas do interesse, possa finalmente encontrar a metade que a define  e que finalmente possa completar a sensação de perda que afinal está presente no teu olhar e que até hoje ninguém notou.

Suspensão

Dezembro 10, 2008

 

Toda a noite foi um sonho. Mas não um sonho qualquer. Passei a noite a sonhar que estou no ponto eminente de acordar. Fico ali, inclinado na vertente do esquecimento sem no entanto chegar efectivamente a acordar, sem saber onde está o limite onde passamos de adormecidos para um estado de pré-alerta, onde desse estado de pré-alerta passamos a estar conscientes de que finalmente estamos acordados. É como se nos inclinássemos na vertente do sono, sem no entanto nos suspendermos na queda que nos traria de volta ao mundo dos acordados e que nos faz permanecer na constante agonia da indecisão.

Sabemos que a queda será eventualmente inevitável. Uma queda no vazio, na inexistência da suspensão do espírito até que o embate nos traga eventualmente de volta ao mundo sombrio da realidade. Não sei o que significa estar permanentemente neste estado de negação absoluta onde toda a realidade se anula e substancia no interior do meu pensamento. Chego a pedir para deixar de pensar. Desligar os processos que me dão a vida, os sintomas da alma que me dão o sentir e dessa forma suspender a dor de não pertencer a lado nenhum. Seria a forma de deixar de sonhar, de fugir sem me mexer destas imagens constantes que apesar de não me fazerem mal, me assustam terrivelmente. Apenas por não se definirem em algo mais palpável, mais concreto, que se substanciassem num caminho secreto para que eu finalmente conseguisse encontrar a escapatória paliativa deste ciclo infindável que me interrompe o descanso até que a madrugada resolva abruptamente o que eu durante toda a noite não consegui apenas para me manter na expectativa de na próxima noite vou voltar a reviver tudo outra vez.

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