Julgo que me perdi no caminho. Algures no passado, entre múltiplas encruzilhadas que se nos interpõem, julgo ter escolhido a direcção errada. Sinto que não era este o meu destino. Sinto que não era aqui que eu queria chegar.
Existe algo de estranho nesta realidade que se materializa constantemente à minha frente sem que eu consiga encontrar algo que eu reconheça. Alguma coisa onde eu possa encontrar um abrigo. Um recanto onde eu sinta que seja possível encontrar alguma paz.
Em vez disso olho ao meu redor. Entre nuvens de fumo e alegrias que se revelam como miragens não consigo descortinar a direcção certa para voltar ao caminho original e possa mais uma vez distanciar-me do negro manto da melancolia, deste sofrimento que me oprime os passos.
É como se um peso estivesse constantemente sendo incrementado nas minhas costas até que a respiração se torne aflitiva e um vez perdidas as forças finalmente caia de joelhos com vontade de desistir.
Ainda não.
Encontro força na esperança. Encontro força na possibilidade remota mas concreta de conseguir superar a enfermidade deste mundo e sob a haste da coragem e da perseverança chegar ao fim deste penoso caminho e finalmente encontrar a luz.
A claridade que julgo existir algures no trajecto da vida e que possa esclarecer o motivo pelo qual todos nós o caminhamos sem saber.