Carrossel
Janeiro 31, 2010
Olho as voltas serpentinas do carrossel. Volto sempre, volto sempre sozinho, ninguém testemunha esta alma vazia de rosto pobre. Seguro no peito o folêgo, com medo que seja o último, o penúltimo e desço a escada dos dias que me levará ao berço inevitável da morte.
Sigo gestos, olhares, risos infantis sobre o último sol da tarde. Jogo aqui esta derradeira cartada com o destino quando revejo os momentos iberbes da vida, como Graal que me rejuvenesce o desejo de continuar, prolongar o sofrimento apenas para poder voltar a sentir o momento paliativo da alegria.
E continua inexoravelmente o carrosssel as voltas. Voltas e voltas como galaxia em formaçao empreganando a minha vida de pequenas estrelas, crianças alegres colidindo em brincadeiras de mil imaginaçoes. Outros mundos, mundos de outrora que em mim se extinguiram. Sobrevivendo apenas a memória distante, vaga e insolúvel de uma idade já longa.
Foram tempos de juventude, vivências em construção como agricultor de azelhices sem consequência, infancias agrestes para quais o futuro não existia, não se definia para lá do por-do-sol onde por todo o lado a fantasia semeava asneiras e colhia raspanetes. Sem olhar para trás, sem dúvidas, sem remorsos, apenas povoado pelo desejo insustentável de procurar a soberba sensação de rodar e rodar.
- Carrossel, acelera, acelera, velocidade e perigo,
Vicio que se consome, existe aqui e agora até o carrossel parar.
Até um dia o carrossel parar.