O Esquecimento Natural Das Coisas.
Agosto 30, 2016
O miador atormentado procura roçar-se nas pernas, procura um afagar apaziguador nas orelhas e de preferência encontrar na sua malga a caçada mágica do dia. Ficamos indefinidamente em suspenso neste sopro a que chamam viver. A metáfora ultrapassa-nos, tornando impercetíveis os limites do seu amplexo.
Pedro aproxima-se do fim. Uma luta visceral contra os demónios de si. E finalmente, terá descoberto o santo graal dos parêntesis. Algures, as sílabas alinharam-se na solidariedade gravítica da prosa.
Suponho que afinal exista um lugar de descanso onde se possa pousar a caneta e que o livro se possa escrever a si próprio. Sem tormentos, dúvidas ou desistências. Talvez possamos criar um ser vivente nesse livro que possua o seu calor. Os seus próprios desejos e carências. Sofra também com quem o leia. Evolua e se transforme ao ponto de melhorar com o tempo.
Joana senta-se à beira de água. Já não dança, já não chora. Olha o horizonte longínquo e suspira. Sente que o rapaz que se perdeu dela está a caminho. E a voltará encontrar um dia. Basta saber esperar.
O Esquecimento Natural Das Coisas.
««««« Fim. »»»»»