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100Destino

Onde um destino sem destino procura um destino entre cem.

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Onde um destino sem destino procura um destino entre cem.

A Fonte Inestimavel Do Desassossego.

Outubro 31, 2016

     Vi-me de súbito impermeável à água do desespero. O momento que me impedia a ilusão voltava outra vez para esquecer de todo o que não queria me tornar. Perto de mim surgia pela janela feita de ramos de amendoeira um baloiço onde perdurava um ser infinito.
     Poderia desta vez o percorrer vulcânico dos meus dedos encontra o toque vítreo de uma outra mão e nesse momento onde todos os átomos se coabitam numa singularidade de conhecimento e surge de dentro de si próprio um gesto de afinidade e surpresa.
     Debaixo deste tapete acrílico de musgo e trevos de quatro folhas surgia finalmente a nascente intocada da alegria. O infortúnio tinha sucumbido nas mãos funestas do destino. E irrevogavelmente tinha cedido o seu exasperante lugar de melancolia e desespero ao infinito gesto de uma crisalida que floresce num mar de luz. Sobre todos os folhos do mundo haveria agora onde despertar deste sono nu. Finalmente perto de nós chegara a fonte inestimável do desassossego.
     Chegara agora mesmo esse momento inesperado onde aprendemos a amar. tinha entrado sem pedir, sem se desculpar arrebatando todo o conhecimento que eu poderia ter de sensações, momentos e espaço, usurpado os meus sentidos e envolvendo os num trovão, num redemoinho, num turbilhão de um doce infinito.

O Campanheiro Lacustre.

Outubro 24, 2016

      Nas horas celestes desta madrugada perguntava aos anjos da desilusão onde estaria o paradeiro rigoroso de mim. E de mãos vazias de setas acenavam-me os incompetentes cupidos da ilusão. Haveria neste mundo um segundo fugaz de compaixão. Neste caixão negro onde jazem as moribundas cinzas da esperança ainda germinava o companheiro lacustre da esperança que por fim te encontrasse.
     Vogam pela floresta os panos furados de velas aquíferas. E de pés molhados de lagrimas de saudade caminha no fundo do espelho cristalino da imagem invertida de mim. A reflexão torna tudo mais difícil. O raciocínio turva o ambiente já de si fosco pela chuva de estrelas. Pirilampos de fogo que nos queimam, fantasmas que não nos abandonam neste tortuoso caminho de viver.
     Os pássaros ribombavam as pétalas em pleno voo. E eu de orelha no chão procurava o sentido celeste da esperança. Procura ouvir um sinal ao longe. Uma reverberação interior. Um estremecimento do coração que despoletasse um sentido qualquer onde eu pudesse despertar, divagar perder me em todo o eu.
     O mármore do oceano descolocava se sem pedir. A náusea o afogado iludia-me o desespero por breves momentos. A pouco e pouco descobria em mim um ser que não me habita. A luz entravasse no espirito ofuscando este método de amar.

O Nevoeiro De Uma Morte Distante.

Outubro 17, 2016

      A cada momento sinto refulgir este esforço magmático de me manter inteiro. A partir de mim cada peça se descobre no desejo de crescer em ramificações de pedra onde possam permanecer o tempo interminável do destino inconstante da adoração. Um gesto fica neste marujo de pedra que se cinde sob o escopro agreste da paixão.
      Nada a não ser migalhas sobram deste momento em as nossas bocas se tocam como folhas caídas rodopiando dentro de um circulo convexo de aperto e mais aperto até ao ponto da minha pele não ser mais a minha pele. Torna se uma indelével camada que sobrevive na maré espigada da tua.
      Na memória o tempo em que não havia um eu a seguir um tu. Tudo definhava no cinzento que ia e vinha pintando este mundo de diferentes tons de cinzento. As tardes amoleciam em vários níveis de melancolia. O sabor de viver desistia do insonso marulhar do tique taque de milhares de relógios que se apressavam para acabar com um qualquer resto de vida que ocupasse um interstício esquálido no universo.
     No novelo insipiente dos dias surgiam um no que se revelava insondável ao mais comum dos discernimentos. Havia um vagar de morte que caia como o nevoeiro de uma morte muito distante. Alongava se nos beirais o gesto fúnebre de morrer.

O Espírito Interior Da Terra.

Outubro 10, 2016

      Esperava que na sombra das tardes os dias passassem sem nunca se esconderem do destino que as atravessava como um rio esquálido e soberano. Os seus olhos perdiam-se nas longas tardes onde as prosas fulguravam incandescentes em silabas, ditongos esvoaçantes dos ecos do espírito interior da terra.
     Sobre estas ondas verdejantes que se aproximam e afastam. Existe o interminável vogar de uma paixão que sopra incandescente sobre a orla florida de uma pele fugidia. Toque a cada dedo sobre esta pela aquecida pelo beijo intermitente de uma ave que te rapina.
     A memória revela inacabados momentos de um passado que vivemos uma e outra vez. Espero que o nosso destino se repita, se distinta e alongue num momento perene. Como folha de orquídea que se recuse a sair e permita que o beija flor intempérie da alma beba em si os sumos de deleite carnal e nos seus folhos descubra a doçura de uma carne que se toma e bebe, sorve os líquidos melíferos da paixão.
    Perco te por momentos na ansia de te amar. E nesse pescoço treme uma veia mineral que afugenta todos os calafrios da incerteza. espero perseguir esse calor visceral em que o meu corpo se toma espirais e acessos de uma loucura imberbe que me toma os sentidos de uma forma inqualificável sem pudor ou intermitências de morte.

Desejos De Carne E Sabor.

Outubro 03, 2016

      Sob a copa ilustre das amendoeiras em flor escapávamos ao mundo mesmerizados pelo terno calor da tarde. Pétalas rosadas caiem em neve sobre o nosso colo. Haveria um dia em que não conseguiríamos esquecer este tempo que se atravessa na memória de um outro dia.
      Disse-lhe que o mundo se apoia na palma da sua mão. E na frugal maresia do vento inventávamos desejos de carne e de sabor. Sempre connosco havia este sentimento de uma paz insuperável que nunca acabava. 
      Espera que o eterno movimento celeste não se entrepusesse no sabor dos sonetos invisíveis. sobre este âmbar do por do sol cabia um novo mundo ainda por descobrir. Cresce em sentimentos magmáticos de exasperação pelo destino que nos espanta e ao mesmo tempo se nos encontra neste redemoinho sem fim.
      As paisagens tornavam se florais ao passar das estações que nos impunham de um sentimento de paz e exercício. Nunca uma fugaz fagulha de luz impedindo o olhar sacrílego de um momento só. Haveria de saber como o esconder de uma final feliz.

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