Um Possível Futuro Impossível
Novembro 06, 2008
O som intermitente da campainha interrompeu-me a madrugada. Entre a chuva no zinco e os trovões o batimento compassado da campainha despertou-me da minha insónia.
Abro a porta mas Helena mantinha o seu toque na campainha como se eu ainda não estivesse ali. Sinto-lhe a tristeza. Finalmente levanta os seus olhos azuis lavados em lágrimas.
“ Não imaginas o quanto eu te odeio.”; e deixou-se cair nos meus braços a soluçar.
“ E tu não imaginas o quanto eu te amo.”; respondi abraçando-a ainda mais.
Nada mais havia a dizer enquanto encolhidos no chão choravamos as misérias das nossas vidas. Ali ficamos perdendo as horas e tentando consolar a tristeza do desencontro. A tristeza de uma relação que só não é perfeita porque não pode existir.
“ Com tantas pessoas no mundo porque foi logo acontecer contigo? “
“ Porque é que ao fim de tantos anos quando podia acontecer foi logo acontecer quando já não podia?”
Mesmo sem nunca resignar-nos à ironia do destino continuamos ali deitados no chão olhando fundo o escuro do tecto e imaginando um possível futuro impossível.