O Homem Mais Feliz do Mundo
Novembro 10, 2008
Todas as tardes venho aqui. Todas as tardes testemunho o passar da tarde. Fico aqui observando os pombos bicando o chão. Passo horas baloiçando ao ritmo das árvores ouvindo o seu cantar. Todas as tardes venho aqui a este mesmo jardim. Sou uma figura constante neste banco. Uma imagem que se repete uma e outra vez. Venho aqui porque tenho esperança.
Tenho esperança que tu apareças. Espero que me convides a testemunhar a tua ternura para com os papagaios, a tua compreensão para com os canários, a tua admiração para com os pavões. Tenho sorte em ter-te encontrado aqui numa destas tardes. Encontrei a tua aura e agora ela ilumina o meu caminho deixando-o incandescente mesmo quando não estás. Tenho esperança mas não tenho coragem. Nunca imaginei o tom da tua voz, não senti o teu olhar no meu, não conheço o cheiro da tua pele.
Fico aqui e imagino como seria se te sentasses ao meu lado. O que eu te diria? De certo seria incapaz de te dizer o que sinto por ti. Mas gostaria de me debruçar sobre a possibilidade de te fazer companhia.
Gostarias de conversar comigo? Espero que sim. Gostaria de te ouvir falar dos peixes, das aves, do que quisesses falar eu estaria aqui para te ouvir.
Talvez tivesses alguma tristeza e precisasses de um ombro amigo. Eu que com sorte até tenho dois. Talvez precisasses de uns momentos de silêncio e compreensão protegida por um amigo solene.
Não me atrevo a imaginar mas talvez no mais intimo dos meus desejos tu quisesses me dar a mão e ai sim, eu seria o homem mais feliz do mundo.