Longínqua
Dezembro 17, 2008
Acordei e senti o frio da tua pele. Sei que dormiste destapada, fervida pela febre da tristeza. Não sei mais o que posso fazer por ti. Sinto a tua respiração quando choras para dentro e quero abraçar-te para te aquecer. Mais uma vez não deixas que eu chegue perto de ti.
Sabes que te quero ajudar, quero fazer com que tudo fique bem. Mas não sei se ainda vou a tempo. Não sei se fui eu. Não conheço a causa mas sinto a morte crescendo dentro de ti e morro também por não conseguir ajudar. Quero salvar o que resta em ti mas não me deixas ver se ainda existe alguma coisa que eu possa salvar.
Sinto que te moves na penumbra cada vez mais longe do meu alcance. Algures no tempo perdemos aquele sentido que permite a comunicação entre duas pessoas. É como se estivéssemos por algum truque do destino caído para fora de fase tornando-se impossível qualquer tipo de interacção. Sinto que vejo, julgo que te sinto mas apenas etérea, uma réstia de personalidade, uma ideia que tive de ti e que se desvanece em fumaça pouco a pouco. Não aguento mais esta espiral que nos leva à desistência de viver.
Continuo no entanto aqui. Recuso-me a desistir agarrado a fina corda da esperança. Não vou desistir da possibilidade apesar de remota de o presente se reverter e volte a se converter numa outra possível realidade. Uma realidade diferente e longínqua a esta, onde possamos retomar o rumo na direcção de uma nova troca de olhares, de um entrelaçar dos dedos nas mãos dadas e que possamos então realizar o destino de para sempre sermos felizes.