O Mais Importante Feito da Criação 5/10
Junho 20, 2010
A princípio não percebi o que Flora queria dizer. Nem sequer compreendi a profundidade do teste. Flora tinha mais em si do que à superfície deixava transparecer.
“ Em momento nenhum deverás olhar para mim directamente. Jura.”
Agora tudo se tornou estranho. Um jogo talvez. Que novas regras seriam estas que me tolhiam a acção.
“ Jura!”
Fico sem palavras tentando perceber o fundamento desta imposição impossível. Como poderia pintá-la, usá-la como modelo, musa inspiradora, capturar a sua beleza, a arte no mais íntimo de si sem poder olhar para ela?
“ Jura!!”
Como pode esta insignificância ser tão importante para ela? A sua face exprime rigor, uma seriedade complexa. É vital aquiescer. Não a quero perder de novo.
“ Se não jurares eu vou embora. Jura!!!”
Não consigo descobrir a razão desta intransigência. Qual seria o sentido lógico desta vil situação que agora se me entrepôs?
Desconheço situação semelhante, não sei o que o destino me reserva mas sem outra hipótese eu
“ Juro!”
Flora então desceu do seu trono de imperatriz inquisidora e voltou à sua fase doce. Sorrindo ligeiramente enquanto preparava um pequeno cenário de fundo.
Um cadeirão de veludo vermelho contra uma parede branca e um copo de vinho. Tapou tudo com um lençol estendido à minha frente e trouxe um espelho de corpo inteiro que colocou em ângulo a um canto.
Neste momento o espelho é a única forma de poder ver Flora.
E assim sem mais demoras, escondida por detrás do lençol, Flora começou a tirar a roupa.