A Magenta da Madrugada.
Fevereiro 15, 2015
Olho pela janela salgada chove a passagem das nuvens. Relâmpagos empestam o ar de luz e transtorno. Agarro-me a mim com o medo visceral de me perder dentro do meu eu. Castigo a pele do sono com a chibata do pesadelo como se eu fosse o meu maior inimigo.
A noite nua refresca a intempérie da alma como a geada sobre um convés de mármore. Descanso a cabeça na almofada como uma lapide morta e finjo que a maré destituiu o tempo do seu percurso.
Sinto na lareira as achas efervescentes da sincope idónea. Chamusca-me a pele o toque repentino da madrugada. O nascer do solstício penumbra a magenta da madrugada e um novo dia recomeça, mais uma vez...sem fim.