Alma extinta.
Julho 20, 2014
As cadências do medo vivem crispando as acendalhas deste viver prescrito. Sinto-me só pela calada noite. Pelo manto inóspito da rua fogem as estrelas cadentes do néon dos bares. Subtil a humidade a crescer-me nos ossos paralisados e sei que já não sou o vaga-lume da aurora.
Tornei-me o senhor dos meus enfins. E tudo o que acontece se perde na fímbria estelar dos molhos. Até onde se vê só existe água, uma maré infinita do mais longo saber. Cálida madrugada em que resisto a tentação de um olhar que me persegue.
O veneno já não existe em mim. Há muito tempo que a morte aquosa dos plátanos me soterrou em mágoas de uma planície agora deserta. Neste momento sou apenas uma negra bebida derramada sobre os pulsos cortados de uma alma extinta, morta.