De olhos fechados pela insónia.
Agosto 23, 2016
O que existe? Quem serei eu senão uma obra de ficção inacabada. Um personagem esculpido num granito defeituoso que sob a força do escopro cindiu. Partiu pela parte mais fraca detonando migalhas de vidro em várias direções. Deixando atrás de si a fraca imagem do que antes foi.
Um vago reflexo daquilo que poderia ter sido. Luto contra a insónia exasperante. Noites e dias passam como estrelas cadentes e eu de olhos fechados pela insónia não consigo senti-los passar.
Este desespero que cresce e cresce ao ponto da angústia esticar as suas raízes para fora da pele. Pareçe que não aguento dentro de mim. Ponho os ouvidos à escuta e oiço o ruminar interior de um coração que definha na solidão agreste das letras.