O beijo surge a medo.
Agosto 24, 2016
Espero que os estilhaços penetrem a pele e abram espaço para que a tristeza sangre os seus afluentes de prata. Sonia chora perguntando como se pode perder uma pessoa que está ali mesmo à sua frente. Como se pode perder um abraço apertado.
O beijo surge a medo. Existe o medo que a rejeição vença a melancolia e sobreviva ao ataque carnívoro do menosprezo. Os meus dedos são como agulhas que chovem sobre os olhos cegos deste lacrimejar salino. A culpa é do piano e dos seus haikus escritos no passadiço das teclas moribundas.
Seria tão fácil de falar sobre faces felizes e paisagens utópicas, amor, paixão e finais felizes. Mas dentro do manuscrito existe uma resistência à realidade que me enfrenta e domina.