O nosso próprio adeus.
Julho 06, 2014
Pela praia caminho sonâmbulo entre as folhas caídas dos dias. Diáfano prazer de virgens que se desnudam sob a carícia penetrante do sol. Todos os dias são dias de amar. Na vertente de um desgosto sinto a malagueta da infâmia e soçobra-me gestos de aço sobre azul.
Nunca na minha vida soltei beijos de amêndoa como flores na primavera. Tudo tem um jeito de ser. Mesmo a flora matinal das conchas em praias antes vazias de gente incógnita. Pescadores de almas arrastadas ao vento e nunca sobre o olhar de um deus qualquer.
Extingo-me em elipse antes que a alvorada me devore. E serei para todo o sempre deste corpo que se me acaba antes de mim. Julgo que o amanhã virá cavalgante e nos levará pelas planícies de um outro viver e ai seremos juntos o nosso próprio adeus.