Viver, pulando de suicídio em suicídio.
Agosto 17, 2016
Risco na areia da praia o título do manuscrito à espera que a bruma das ondas leve as letras consigo. Nisto joana continua a dançar deixando pegadas na areia em forma de borboletas que voam.
Algures na espuma espessa das lágrimas, surge uma fotografia. Uma imagem disforme de um passo distópico. Nada daquilo aconteceu. Eu não existo na fotografia da minha cara. Nem naquele passado capturado nela. Sou apenas um momento, um ápice, um ritual de passagem no grande espetáculo das coisas.
Tenho medo do escuro. Não propriamente do escuro mas da possibilidade de viver, pulando de suicídio em suicídio. Escondendo o corpo da morte de mim. Um eu que não quer mais desistir. Um eu que corre as ruas vazias da memória à procura dum vagabundo que tenha uma resposta fugaz.